terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Estela


Eu nascí artista.
Me lembro, de muito pequena, levar todas as visitas ao meu quarto para performatizar uma das canções do Robebrto:
“Por que que eu rolo na cama”
E rolava na cama cotinuando a cantarolar.
Minha tia Mariete conta que, lá na praia onde ele morava e ainda mora, eu a chamava e lhe dizia:
- Tia eu vou ser cantora – e começava meu pocket show.
Ainda menina, na escola, me envolvia inteiramente com a arte. Com o teatro, principalmente.
Acontece que eu sempre ganhava o papel de Passarinho ou Veado, nunca o da Branca de Neve.
Na minha escola burguesa, me faltavam os olhos azuis, e certamente, um quê de beleza difícil de se encontrar em mim aos 8.
A partir deste momento, decidí que seria sempre importante no palco.
Me dediquei, estudei, trabalhei muito, fiz papéis importantes, conhecí pessoas renomadas da dramaturgia, fui aplaudida e elogiada pelo mestre Humberto Magnani num Festival Nacional de Teatro.
Mesmo assim, percebí que aquele não seria o meu futuro.
Aliás, ouvi, muitas vezes, dos meus amigos atores:
- Você canta muito bem, por que não tenta a carreira de cantora?
E eu, sempre sem papas na língua, perguntava:
- Por quê? Não sou boa atriz ?
E saí por aí cantando em bares, festas e jantares.
Na realidade, não me entreguei de corpo e alma pra nenhuma dessas vertentes da Arte.
Porém, não so sou só este corpo, alma e espírito.
A vida e a Arte continuarão além de mim. E algum fruto, ainda, pode surgir artísticamente, já que sou, apesar de podada, uma árvore a crescer. Talvez crescendo forte justamente pelas podas.

0 comentários:

Postar um comentário