sexta-feira, 13 de abril de 2012

Gaiji

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Um pacote sem distintivo
Pacote, não, embrulho, adornado
Cheio de fita, laço, significativo
Perfumado e com flores decorado

Surpreendentemente, entregue em mãos
Encabulada, o recebí, certa noite
Não esperava e fui pega de supetão
Como algo que chega, de repente como a morte

Mas, não havia “passagem” alguma
Nem tampouco transformação
Era, certamente, o presente duma
Palpitação de um certo coração

Eu, pequena, furtiva, não conseguia
Permanecer com regalo em mãos
Que de tão pesado, quase me doía
Podia, distraídamente, derrubá-lo ao chão

Quando, apropriadamente, o abrí
Ví seu tão poderoso conteúdo
Sem plantar tal semente, como a colhi?
Sem pestanejar, o devolví com laço e tudo

Passado tanto tempo, sei
Que o pesado conteúdo não era de cimento
Era algo que não pude ter comigo, tentei
Era o teu, que devolvi junto com meu sentimento