quinta-feira, 25 de novembro de 2010

De mim para o poeta Júlio Zefa Amaral morto


Declaracoração

Você já me disse que o céu não existe
Aí eu fiquei muito preocupada com seu itinerário.
Fiquei apavorada, na verdade, porque
também não existe o contrário.
E não adianta dar uma de Orpheu.
Chorei e ouví você dizer "Canta pra não chorar".
Num devaneio; como numa quimera
(quisera eu ser a sua, quem me dera!),
Lágrimas se cristalizaram numa
fada tupiniquim
Que me disse assim:
- Me conte o que passou que um
desejo realizado lhe dou.
- Meu amor viajou, quero pra ele
um destino. Nada de Paraíso,
um lugar onde ouro não irá
encontrar, e, sim, um pé de guaraná
e um violino pra tocar. Deixe as virgens
de lado, porque amor eu quero lhe dar.
E, por favor, breve me leve pra lá e que
eu possa com minha alma, meu corpo carregar
para a ele entregar.
Tá tudo acertado, desejo realizado.
O cheiro do guaraná dá pra sentir,
e posso ouvir sua poesia e música daqui.
Mas, falta algo!
Já que as almas são incomunicáveis,
falta meu corpo se entendendo com o seu
corpo.
Mas, eu tô viajando logo.
Não sei se chego em maio ou em junho
Mas, chego, Júlio.

(em homenagem a Júlio Zefa Amaral que, como verdadeiro poeta, morreu de amor)

1 comentários:

Anônimo disse...

Nossa que ótimo! É delicada vibrante, guria! Eu gostei! Me fez viajar para lugares gostosos singelos, gratidão! Beijos Tchau

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