sexta-feira, 29 de abril de 2011

João


Continuo à espera debruçada na janela
Procuro parecer bonita e mantenho-me de pé
Quem passa pode pensar que pena dela
Nem ligo para tais olhares porque espero José

Nos cabelos trago coloridas pedras numa tiara
Permanecendo estática porque ainda tenho fé
De que quando ele chegue me encontre rara
E nesse meio tempo possa chamá-lo: Vem, José!

Meu vestido tão puído de esgarçada renda
Me faz lembrar da vida como ela é
Uma desgraçada gincana sem prenda
Muito me consola esperar por José

Um medo repentino me assola de antemão
Por isto fiz longa novena na Igreja da Sé
Algo queria enganar meu fraco coração
E com força disse: Ninguém me tira José

Se eu à janela não vejo chegar nem a maré
Não posso no fim da história dormir com a solidão
Se é certo que nunca chegará o dito José
Mudo meu apaixonado discurso e grito: João

0 comentários:

Postar um comentário