quarta-feira, 5 de junho de 2013

RECEITA DO HOMEM PERFEITO


Os outros que me perdoem.
Mas, vocês todos se parecem iguais.
Só ele, agora, me parece único, com sua natural graciosidade e leveza.
Com malemolência e uma quase malandragem brasileira.
Mas, cheio de nobreza daquelas que só encontramos  na Família Imperial Japonesa.
Passei a acreditar em alma gêmea.
Mas, ele nunca será metade.
É todo, inteiro.
É lindo.
E pousou com sutileza em minha vida, como pousa elegante uma gaivota.
Tem na pele a cor do som e a cor do sol quando nasce.
Melódica, luzente. Uma mistura entre a morenice instigante e a palidez sedutora.
Carrega presos em sua aura os olhares e desejos daquelas que o tiveram ou sonharam em tê-lo.
E é assim que é.
Tem a raríssima destreza de surpreender.
Sem precisar, já que traz o mar no olhar, ainda traz naquele verde de águas profundas, mas cristalinas, o brilho do anseio da plenitude.
Olhos que mesmo cerrados são belos como um livro de Neruda lacrado.
Tem braços que além da força estão sempre dispostos ao mais terno abraço.
É preciso dizê-lo.
Há em seu rosto a união do singelo e do exótico, e se não lembra um templo (quiçá budista), ao tocá-lo estamos prostrados em prece.
Em paz.
Tem o corpo.
Um copo.
Uma taça que serve um bálsamo inigualável.
Mas, a boca é.
É do hálito mais fresco, de aroma inolvidável e que transforma qualquer frase cotidiana em pura poesia.
E beija bem!
No corpo, o espaço justo para o meu.
Que me aninha como uma ave pequena e órfã.
E ali nada me falta.
Os pés, as mãos, os ossos, os cabelos, os poros, os pelos nos convidam ao amor.
O cheiro inebria e se divulgado seria disputadíssimo entre os maiores perfumistas do mundo.
As histórias, a voz, as palavras, o jeito de proferi-las é um espetáculo à parte.
E nada se compara a este espetáculo.
Nem ao da neve que cai.
Nem ao da lua que brilha.
Nem ao da nuvem que vai.
A pele, macia, é sensível como a alma.
E não falemos mais em alma.
Porque o poeta avisou: “Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma. Deixe o teu corpo entender-se com outro corpo. Porque os corpos se entendem, mas as almas não.”
No entender  dos corpos percebo seus tantos centímetros a mais.
Ora me acolhe como um gigante, ora me exalta e me faz grande.
Desconfio que Deus o tenha feito seguindo a mais perfeita receita.
A vida é bem melhor depois de “descobri-lo”.
Tão melhor que chego a pensar que é sonho e me belisco.

Se ele não existisse, com sua generosidade ímpar, sua entrega desmedida, sua alegria contagiante, sua paixão desenfreada, certamente,  eu o inventaria.

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